Grêmio aposta na Arena e em novos projetos para tentar reequilibrar finanças sem SAF

Atualizado: 08/11/2025, 13:07
Arte com o escudo do Grêmio, gráficos e s cifrões ao fundo, para representar as finanças do clube

A reta final da gestão de Alberto Guerra no Grêmio tem sido marcada por um desafio duplo: manter o clube competitivo em campo e financeiramente saudável fora dele. O presidente, que deixa o cargo no fim de 2025, tenta encerrar o mandato sem deixar dívidas relevantes, mesmo após uma temporada que exigiu aumento na folha e reforços em meio à campanha irregular.

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Entre janeiro e junho, o clube arrecadou R$ 242 milhões, crescimento de 20% em relação ao projetado para o período, impulsionado principalmente pela venda de atletas. O montante supera o desempenho do mesmo semestre de 2024, mas ainda convive com um déficit de R$ 65 milhões, semelhante ao ano anterior. A dívida atingiu R$ 562 milhões, o maior índice da década, segundo a "PLURI Sports".

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Segundo o CEO Márcio Pinto Ramos, o desempenho foi “positivo diante das dificuldades”, mantendo a receita em linha com as expectativas. Já o vice-presidente, Fábio Floriani, reconheceu que a prioridade da diretoria foi equilibrar investimentos e compromissos financeiros.

A folha mensal subiu de R$ 17 milhões para cerca de R$ 20 milhões após a última janela de transferências, coberta em parte por um aporte de R$ 30 milhões do empresário Marcelo Marques, responsável por passar a Arena para o clube. Movimento que cria a projeção de aumento considerável de receitas de matchday a partir da próxima temporada, já que o Grêmio passa a controlar ingressos, camarotes e eventos no estádio.

O valor gasto nesta temporada foi direcionado para quitar fornecedores e contratar reforços como Erick Noriega e Willian. “Estamos trabalhando com todas as nossas receitas para viabilizar os investimentos. Contamos com TV, patrocínios e performance do time no fim da temporada”, explicou Floriani na última semana de outubro.

Venda de atletas segue como pilar de sustentação

A comercialização de jovens jogadores segue sendo o principal trunfo tricolor. Somente no primeiro semestre, as vendas da base renderam R$ 105,5 milhões, incluindo a transferência de Igor Serrote, que rendeu cerca de R$ 24 milhões líquidos ao clube. Para Floriani, o sucesso na formação de atletas é o que permite ao Grêmio resistir à transformação em SAF.

“Enquanto conseguir formar e vender atletas, o Grêmio se mantém sustentável. O desafio é equilibrar isso com a montagem de um elenco competitivo, porque os custos do futebol cresceram demais”, disse o dirigente.

A previsão orçamentária aprovada em novembro de 2024 projeta receita bruta de R$ 548 milhões e resultado próximo do equilíbrio para o exercício de 2025. Caso o desempenho esportivo melhore no segundo semestre, em especial com classificação à Libertadores, a direção acredita que o clube possa atingir ou até superar essa meta.

Próxima gestão herda desafios no futebol e pouco caixa 

O principal desafio para 2026 será o fluxo de caixa. Segundo Floriani, o Grêmio não terá sobras relevantes ao final do ano, uma vez que parte dos recursos foi direcionada à manutenção do elenco e às obrigações correntes. Ainda assim, ele considera que o próximo presidente herdará uma estrutura sólida, com receitas estabilizadas acima de R$ 500 milhões anuais.

O dirigente considera que a gestão deixa o clube com um elenco competitivo. No entanto, o desempenho no Brasileirão indica que o plantel ainda precisa de adições para brigar de forma consistente na parte de cima da tabela. Ou seja, a torcida naturalmente espera contratações para o próximo ano.

Eleições e planos econômicos para 2026

Odorico Roman

A sucessão de Alberto Guerra será decidida neste sábado (8), e os dois candidatos à presidência do Grêmio apresentam visões diferentes para o futuro financeiro do clube, embora ambos defendam a manutenção do modelo associativo, sem recorrer à SAF.

O economista Odorico Roman, ex-vice de futebol nas gestões de Fábio Koff e Romildo Bolzan, aposta na ampliação das receitas recorrentes e na valorização do patrimônio recém-incorporado. Ele pretende transformar a Arena em um ativo estratégico, explorando naming rights, camarotes e novas experiências de matchday, além de fortalecer o quadro de sócios.

“A Arena precisa ser um motor de receitas. Vamos usá-la para gerar mais renda com eventos, camarotes e naming rights. Também faremos um grande trabalho de sócios, um apelo ao torcedor para chegar a 200 ou 300 mil associados. Isso é fundamental para aumentar as receitas fixas do clube”, afirmou Roman.

Odorico também destacou o papel do empresário Celso Rigo, conselheiro e investidor histórico do clube, como peça importante em seu eventual governo.

“O Celso, antes de ser um grande gremista, é um empresário de sucesso. Ele tem relacionamentos múltiplos e pode resolver questões com um telefonema. Não é apenas sobre aportes, é sobre experiência, mercado e capacidade de abrir portas”, completou.

Paulo Caleffi 

Já o advogado Paulo Caleffi, ex-vice de futebol na atual gestão, projeta uma abordagem diferente, com foco em novas fontes de receita fora do campo. Ele defende a criação do Grêmio Estúdio, um hub de conteúdo e entretenimento em parceria com a IEP Filmes, e o programa de fidelidade Gols de Vantagem, voltado a transformar o consumo do torcedor em ganhos diretos para o clube.

“O Grêmio Estúdio será um marco no país. Vamos produzir conteúdo, transmissões e projetos que tragam patrocinadores e novas marcas para dentro do clube. Isso profissionaliza o marketing e gera rentabilidade contínua”, explicou.

Caleffi também aposta na base de torcedores para sustentar o orçamento: “Com o Gols de Vantagem, o torcedor vai gerar receita comprando no dia a dia, em supermercados, farmácias ou postos de gasolina. A projeção é atingir 2,5 milhões de cadastrados e gerar cerca de R$ 300 milhões por ano”, disse.

Apesar das diferenças de estratégia, ambos os candidatos reconhecem o cenário apertado que a próxima gestão herdará. A missão será administrar um clube com folha alta, fluxo de caixa ajustado e a expectativa de transformar a nova gestão da Arena em um pilar real de crescimento financeiro.


Matheus Celani
Autor
Jornalista graduado no Centro Universitário IBMR, 23 anos, natural do Rio de Janeiro. Amante da escrita e um completo apaixonado pr futebol, vôlei e esportes olímpicos.