A cobrança a Filipe Luís: o preço de um treinador em formação
O Flamengo reencontrou o caminho das vitórias ao bater o Botafogo por 3x0 nesta quarta (15). O resultado aliviou a pressão imediata, mas não elimina os sinais de que o time vinha em queda e de que há um problema estrutural no comando técnico.
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Antes do clássico, o Rubro-Negro vinha de três empates seguidos no Maracanã - incluindo o 1x1 contra o Cruzeiro - e de um “empate” simbólico na Libertadores, diante do Estudiantes, que custou caro. Essa sequência acendeu o alerta: o desempenho recente era preocupante e deixava o ambiente tenso.
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Nesse contexto, uma percepção se reforça: Filipe Luís ainda não está à altura do desafio. Isso não significa que ele seja um mau treinador ou que deva ser demitido, mas sim que sua falta de experiência profissional, com apenas um ano de carreira, é um fator decisivo.
Filipe tem boas ideias, é estudioso e dono de um Q.I. futebolístico altíssimo. Mas isso, isoladamente, não basta. A experiência pesa. Em muitos casos, técnicos menos brilhantes se destacam por já terem passado por situações que um novato ainda não enfrentou.
Essa imaturidade aparece também em suas entrevistas. Após o jogo na Argentina, o jornalista Mauro Cézar o questionou sobre as lições aprendidas, e Filipe respondeu que o duelo em que mais aprendeu foi contra o Central Córdoba - um adversário de menor expressão.
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Depois, disse que “nunca tinha vivido o que viveu na Argentina” diante do Estudiantes. Em qualquer área, quando um profissional se depara com algo completamente novo, tende a não reagir bem. Não é culpa dele; é o processo natural de aprendizado.
O ponto é que o Flamengo está formando um técnico — e isso traz percalços. O problema é que esse processo não combina com o peso e o custo do projeto atual. A imprensa noticiou que Filipe teria pedido R$ 2 milhões por mês para renovar. Para alguém no início da carreira, em fase de amadurecimento, essa pedida parece destoar da realidade.
Sempre acreditei que Filipe Luís tinha na autoconsciência uma das suas maiores virtudes. A ideia socrática de que reconhecer a própria limitação é o primeiro passo para evoluir. “Só sei que nada sei” é essencial no começo de qualquer jornada. Infelizmente, já não tenho tanta certeza de que ele mantém essa lucidez. O que é uma pena.
Renato Veltri é advogado, colunista do MundoBola e torcedor crítico do Flamengo. Siga-o no Twitter (X).
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