Fé e Flamengo: Padre fala sobre a devoção rubro-negra no Santuário São Judas Tadeu

A fé e o futebol caminham juntos. Muitos torcedores se aproximam da religião por conta, primeiro, da superstição no seu time. Outros já carregam essa tradição de berço. No Dia de São Judas Tadeu, o MundoBola Flamengo foi até o Santuário localizado em Cosme Velho para contar uma história de fé rubro-negra.
➕1953: o milagre que uniu Flamengo e São Judas Tadeu para sempre
São Judas Tadeu e o Flamengo estão ligados desde 1953. Em entrevista com o Padre Anderson Amorim, descobrimos um pouco mais dessa relação no Santuário, e também, da história do Santo Protetor.

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"Nosso Santuário tem uma devoção muito grande ao time do Flamengo, mas antes, propriamente, a devoção ao Santo São Judas Tadeu nasce da tradição da igreja. São Judas que foi um dos apóstolos de Jesus. Conta-se, pela tradição da igreja, Alfeu, que era o pai de São Judas Tadeu, que era primo de São José. Depois, a mãe de São Judas Tadeu, que se chamava Maria de Cléofas, que era prima sanguínea de Nossa Senhora, mãe de Jesus. Portanto, São Judas Tadeu se tratava de um primo, e um irmão de Jesus", inicia.
Padre Anderson, então, rememora Padre Góes, rubro-negro responsável por unir Flamengo e São Judas Tadeu.
"A devoção da igreja, nos primeiros séculos, foi crescendo não só por ele ser o apóstolo de Jesus, mas o carinho, também, percebendo esses laços sanguíneos. A devoção aqui no Cosme Velho nasce nos anos 50, com Padre Góes. Ainda não tinha construído o edifício como temos hoje. Padre Góes foi nomeado primeiro pároco e ele ia para os jogos do Flamengo", comenta.
Além disso, o Padre conta que o antigo pároco também aproveitava a paixão pelo Flamengo para auxiliar na construção do Santuário.
"Foi se criando, por uma questão particular, uma certa devoção, uma certa afinidade entre o time do Flamengo e a devoção a São Judas Tadeu. Ele ia aos jogos do Flamengo, levava rifas, como maneira de angariar fundos para a construção do Santuário São Judas Tadeu. Por uma questão afetiva, particular, e pela necessidade de construir um Santuário, aos poucos, a própria diretoria daquela época foi apadrinhando e construindo essa devoção", explica.
Fluxo rubro-negro: a Nação no Santuário São Judas Tadeu
Como de praxe, a torcida do Flamengo compreende todos, menos alguns. No Santuário do Padroeiro do clube não seria diferente: o fluxo flamenguista é notado pelo Padre.
"Quando falamos de Santuário, falamos de uma perspectiva de peregrinos. Aqui vem muitos cristãos, católicos, até pessoas que não confessam propriamente a religião católica. Mas encontram, neste lugar, a presença de Deus. Podemos observar que, entre esses peregrinos, há um fluxo muito grande. Nos dias de semana, fins de semana e no dia 28. Há um fluxo enorme de pessoas que torcem para o time do Flamengo. Aqui chegam peregrinos, católicos, mas que vêm atraídos pela fé. E por essa motivação devocional do time do Flamengo até a imagem de São Judas. Aqui, depositam flores, outras peças, que é fruto da sua expressão de fé", diz.
Padre Anderson conta ainda que esse fluxo costuma ser ainda maior quando o time não vai bem. Rubro-negros desesperados podem ter a tendência de pedir por milagres e por melhoras da equipes nas fases ruins.
"Quando o Flamengo não está muito bem, é bem evidente. O fluxo é muito grande. A gente vai escutando nos corredores. A gente vai caminhando, seja por meio das confissões, ou partilhas. A gente vai percebendo a expressão de fé de torcedores do Flamengo. Eles vêm contando inúmeros milagres, destinados a jogadores ou ao próprio time. Pedindo a graça de Deus, a ajuda, para que proteja. Aqui vem, na sala das promessas, a bola, as peças de partes do corpo. Tudo isso como fruto de promessa dos peregrinos", comenta o Padre.
Mas nos bons momentos, também não é raro ver flamenguistas pedindo pelo time. Principalmente na véspera de um jogo tão importante, como Racing x Flamengo, pela semifinal da Libertadores, na quarta-feira (29).
"Amanhã é o grande jogo na Argentina. Hoje, teremos 16 missas no Santuário. De hora em hora. Desde a primeira missa, às 6h da manhã, os corredores do Santuário têm inúmeras bandeiras, inclusive perto do altar. A gente olha, e percebe que, no nosso público, predominam as camisas do Flamengo. Elas vêm atraídas não só pela devoção ao santo, mas também movidas por essa promessa, o desejo que o time ganhe seus títulos", analisa.
Abençoar itens relacionados ao Flamengo já virou costume, e o Padre não se surpreende mais com pedaços de redes do gol, por exemplo.
"Redes, fotos, imagens de jogadores. Na gruta, existem outras peças. Você encontra camisas do Flamengo, retratos de jogadores, pessoas específicas que estão ligadas ao Flamengo. Isso é fruto de um carinho, de um sentimento afetivo, que liga com o sagrado, e vai se formando nessa caminhada espiritual, uma maneira de viver a fé e acreditar que realmente, São Judas, a partir dessa ligação com Padre Góes, foi ligando esta vida espiritual e ajudam, a partir da fé, a fazer com que o Flamengo ganhe", diz o Padre.
A relação entre o Flamengo e o Santuário São Judas Tadeu
Não é incomum ver a relação de pessoas do Flamengo com o Santuário São Judas Tadeu. Dom Orani Tempesta, inclusive, recebeu a nova camisa do Remo do clube ao chegar para a missa das 15h, como Padre Anderson já alertava.
"Durante todo o ano, muitas pessoas específicas da diretoria, bem como jogadores, vêm ao Santuário, conversam, partilham conosco. Mas, de maneira mais intensa, o dia do santo. Às 15h, o cardeal Tempesta, vai celebrar conosco. Já confirmaram conosco. Uma parte da diretoria vem celebrar conosco. Não só do futebol, mas outras partes do time, vêm participar conosco", comenta.
Dom Orani recebe nova camisa do Remo do Flamengo! A Pherusa! No Santuário São Judas Tadeu, em Cosme Velho #MundoBolaFlamengo pic.twitter.com/8X39TEw69p
— MundoBola Flamengo (@MundoBolaFla) October 28, 2025
Um dos diretores citados por Anderson é Sérgio Veiga Brito, Presidente do Conselho de Grandes Beneméritos, que posou para fotos com Dom Orani Tempesta durante a entrega da camisa.
Por fim, Padre Anderson destaca a relação entre as partes como muito benéfica para o Santuário São Judas Tadeu.
"A relação com o Flamengo é muito boa porque é uma maneira da gente propagar a nossa fé. Viver a nossa devoção. Não propriamente específico ao time do Flamengo. Nossa fé é aberta a todos. Por uma questão de afinidade, temos esse caminho especial. Mas o Santuário é sempre aberto a todos. Independentemente do time. Por uma questão histórica, a devoção foi sendo propagada e construída. Mas não é uma relação monopolizada", finaliza.
A fé e o Flamengo levaram a torcida a ver o time virar uma final de Libertadores em três minutos, em 2019. Gerações anteriores viram coisas parecidas, como o gol de Pet, aos 43, em 2001, quando Apolinho destacava na Rádio Tupi: 'E acaba de chegar São Judas Tadeu'. A entrevista completa com o Padre Anderson Amorim, no Santuário São Judas Tadeu, pode ser assistida na íntegra abaixo.
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