Fantasma da Série B: risco de rebaixamento do Santos supera 50% e desafia 'Projeto Neymar'

O relógio marca o início de novembro de 2025, e na Vila Belmiro, um sentimento de pavor se instala: o "raio" pode, de fato, cair duas vezes no mesmo lugar. Após uma derrota dolorosa por 2 a 0 para o líder Palmeiras na noite de ontem, 6 de novembro , o Santos Futebol Clube se vê novamente afundado na 17ª posição da tabela do Campeonato Brasileiro, a zona de rebaixamento.
O que parecia impensável está se tornando uma possibilidade estatística assustadora. Segundo dados atualizados do Departamento de Matemática da UFMG, a probabilidade de o Santos ser rebaixado pela segunda vez em três anos disparou para 50,5%. É um aumento vertiginoso, considerando que o risco era de 33,2% antes da sequência negativa recente.
Este cenário é um pesadelo que ecoa o trauma de 2023, ano da primeira e única queda do clube em sua gloriosa história. Após uma campanha redentora na Série B em 2024, culminando no título e no acesso imediato, a temporada de 2025 era vista como a da reconstrução. Era o ano do retorno triunfal de Neymar, um projeto ambicioso focado em levar o ídolo à Copa do Mundo de 2026.

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No entanto, a realidade em campo tem sido brutalmente diferente da expectativa comercial.
O paradoxo de Neymar: sucesso de marketing, fracasso esportivo
A volta de Neymar ao Santos foi um fenômeno global. O clube projeta uma arrecadação superior a R$ 200 milhões em marketing e patrocínios impulsionada pela imagem do craque. A camisa azul, símbolo da época em que o atacante brilhou pela primeira vez, tornou-se um sucesso de vendas.
Contudo, dentro das quatro linhas, o retorno tem sido frustrante. O projeto, que visa a preparação do jogador para o Mundial de 2026, tem sido constantemente interrompido por "seguidas lesões". Neymar retornou recentemente de uma ausência de 48 dias devido a um problema na coxa.
A dependência do time no astro ficou dolorosamente clara na derrota de ontem. O técnico Juan Pablo Vojvoda, contratado em agosto para salvar a temporada, optou por poupar Neymar do confronto contra o Palmeiras, citando sua recuperação e o gramado sintético do estádio adversário. O resultado foi um time apático, incapaz de competir.
"Conto com o melhor Neymar para domingo", declarou Vojvoda após a derrota, já mirando a próxima "final" contra o Flamengo no Maracanã. A declaração expõe a aposta de alto risco do clube: tudo depende de um jogador que, no momento, luta para se manter saudável. A situação se agrava com relatos de que o Santos teria recebido valores de patrocínios destinados a Neymar e não os repassou, gerando atritos financeiros.
A anatomia financeira de um time catastrófico
O desempenho em campo, descrito por analistas como "catastrófico", é o reflexo de um desequilíbrio financeiro profundo. Para garantir o acesso em 2024 e montar o elenco estelar para 2025, o Santos embarcou numa onda de gastos que elevou sua dívida de cerca de R$ 500 milhões para R$ 800 milhões.
O clube, que renegociou mais de R$ 40 milhões em dívidas este ano para evitar novas ações, vive no fio da navalha. A análise financeira do clube em 2024 (ano da Série B) mostrou que, de um faturamento de R$ 435 milhões, impressionantes R$ 183 milhões – mais de um terço – vieram da venda de jogadores da base. Analistas do setor alertam que esta é uma fonte de receita perigosa e insustentável.
O Santos apostou tudo no retorno esportivo e financeiro do "Projeto Neymar", mas o time recheado de veteranos como Tiquinho Soares, Willian Arão e Benjamín Rollheiser não entregou consistência. A diretoria agiu rápido em agosto ao trazer Vojvoda, técnico com histórico de sucesso no Fortaleza, mas o argentino encontrou um elenco com problemas crônicos.
O risco do "sepultamento financeiro"
Hoje, o Santos ocupa a 17ª posição com 33 pontos, um atrás do Vitória, o primeiro time fora da zona. A luta é desesperada e os adversários restantes não oferecem alívio. O calendário futuro imediato inclui o vice-líder Flamengo, além de confrontos diretos contra concorrentes na parte de baixo da tabela, como Juventude e Sport Recife.
Para o Santos, um segundo rebaixamento em três anos seria mais do que uma humilhação histórica; seria o que analistas de gestão esportiva chamam de "sepultamento da oxigenação financeira".
Uma nova queda invalidaria todo o esforço de marketing da volta de Neymar, tornaria a dívida de R$ 800 milhões impagável e mergulharia o clube na crise mais profunda de seus 113 anos. A temporada de 2025, que começou com a esperança da redenção e o brilho de um ídolo global, caminha para suas rodadas finais como um suspense de terror. O Santos não joga apenas contra o rebaixamento; joga pela sua própria sobrevivência.











