Deixa passar! (O bonde sinistro da Torcida Jovem Fla)
“Deixa passar! Deixa passar! O bonde sinistro da Torcida Jovem Fla!”
“Sai, sai da frente! Sai que a Jovem Fla é chapa quente!”
Essas duas músicas da Jovem, são algumas de várias outras que voltamos a ouvir no setor Norte do Estádio Mario Filho, popularmente conhecido como Maracanã.
O dia 31 de agosto de 2025 foi a data de retorno da Jovem Fla aos estádios, depois de quase 10 anos afastada. Para celebrar, e marcar o retorno, a TFJ fez uma marcha da sede da torcida no centro, até o estádio na tijuca.
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Se você teve a oportunidade de ver essas pessoas caminhando e formando um enorme pelotão, talvez vá concordar comigo, foi uma imagem impressionante. Parecia uma romaria em direção a catedral.
O Flamengo é nossa comunhão. Juntamos nossa energia, nosso tempo, nossa dedicação.
— Flamengo (@Flamengo) November 4, 2024
Só 11 entram em campo, mas jogamos todos nós. Por nós e pelos nossos. SEMPRE.
O Nosso Gol: um mini-documentário original @LcssFilms e @Flamengo para a NAÇÃO RUBRO-NEGRA.#VamosFlamengo #CRF pic.twitter.com/XTnAI6BOYN
A torcida Raça Rubro Negra havia feito o mesmo movimento de regresso oficial aos estádios em julho, e também marchou até o Maracanã com um pelotão de alguns milhares de integrantes com as suas inconfundíveis camisas vermelhas.
A RRN também retornou aos estádios depois de ter sido afastada por ordem judicial.
Na arquibancada, a festa foi bonita, a jovem voltou a ocupar o tradicional lugar que a torcida sempre ficou, atrás do gol. Hoje setor Norte, no passado, Pilastra 45/46.
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A Jovem subiu suas bandeiras e elas se juntaram às bandeiras da Raça, Fla Manguaça, Império, Falange (agora no Setor Sul), Urubuzada e Nação 12. É um fato que o Maracanã fica mais bonito com esses bandeirões sendo flamulados, e quem frequenta os estádios sabe do que eu estou falando.
A TJF também subiu uma bandeira da torcida no meio do estádio, na parte leste, mostrando para as câmeras de TV que estava de volta. A Jovem Fla foi fundada em 1967, em plena ditadura militar, e se auto intitula O Exército Rubro Negro.
Nessa partida eu fui com a minha filha, um amigo e seus filhos. Estávamos nós cinco a caminho do Maracanã, quando avistamos o Exército Rubro Negro passando pela praça da Bandeira, ficamos todos impressionados com a quantidade de pessoas na caminhada, ainda bem que somos rubro negros.
Foto: Gilvan de Souza/Flamengo
As torcidas organizadas no Brasil e no mundo muitas vezes são violentas. Isso é um fato, não é uma opinião.
Quando se mistura: paixão, com rivalidade clubista e territorial, problemas pessoais, testosterona, e principalmente com o álcool vendido pelas propagandas diárias nos veículos de mídia, o resultado são brigas violentas que vemos nas arquibancadas e principalmente nas ruas que ficam nas proximidades dos estádios.
Mas dizer que as torcidas organizadas são o problema da violência no futebol, isso já é uma hipocrisia.
A sociedade é violenta! Homens batem em suas namoradas, esposas e filhas em casa. A polícia no Brasil é extremamente violenta. Mata muito e morre muito também. O crime organizado e o desorganizado, matam ainda mais.
➕ Os escudos arvernos da Gávea | Coluna de Gustavo de Almeida
As elites financeiras, playboys, herdeiros, políticos coronéis, pequenos comerciantes, fazendeiros, grileiros e grandes empresários são muito violentos também. Podemos dizer que no Brasil, a violência é um padrão cultural e estrutural.
Se voltarmos um pouco no tempo, vamos perceber que a história da humanidade vem sendo feita através de muita violência, física, social/cultural, financeira e psicológica.
No Coliseu, a sociedade romana ia para a arena torcer e vibrar pelas batalhas que levavam dezenas de pessoas a morte. Nas touradas espanholas, se torce pela morte do touro.
No Brasil os escravizados levavam chicotadas amarrados em um tronco, ou dentro de senzalas.
Os índices de violência mudam de um Estado para o outro, de um país para o outro, de uma época para outra, mas um padrão se repete, essa diferença está ligada diretamente a outros índices; financeiros, sociais e culturais.
Achar que não veremos mais integrantes com a camisa da TJF, praticando algum ato de violência pré-jogo ou pós-jogo, seria muito ingênuo. O que se precisa fazer é coibir esses encontros marcados para brigas com inteligência, e punir as pessoas que estão envolvidas. O BEPE tem feito um bom trabalho de prevenção nos estádios cariocas há tempos, usando a inteligência.
Sobre a partida desse domingo contra o Grêmio, o jogo começou com o Flamengo muito bem nos primeiros dez minutos do jogo. Como o gol não saiu, o grêmio conseguiu se estabilizar no jogo, mas não apresentou nenhum perigo para o goleiro Rossi.
O juiz foi bastante criticado depois da partida porque amarrou o jogo apitando faltas inexistentes, se complicou nas aplicações de cartões amarelos e marcou um pênalti super polémico contra o Flamengo. Resultado, a partida terminou empatada em 1 x 1.
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O Flamengo mesmo assim terminou a rodada na liderança, com dois clubes do eixo do café com leite no retrovisor. Fica mais uma lição para o Flamengo do FL, não se pode mais dar esses vacilos a essa altura do campeonato, jogo em casa tem que vencer.
Não posso terminar essa crônica sem falar da ótima lembrança que um jogo no Maracanã, contra o Grêmio, trás para a torcida rubro-negra. Afinal, nos consagramos Hexa Campeões Brasileiros em 2009 jogando contra eles o último jogo do campeonato.
O gol do título veio com uma cabeçada espetacular do nosso zagueiro Ronaldo Angelim, no escanteio que o Pet cobrou. Inclusive fiz um filme sobre o Angelim e o nosso Hexa, o filme se chama “Magro de Aço”.
Fico aqui na torcida para a TJF, RRN e as outras organizadas do Flamengo, conseguirem manter a disciplina e continuar formando nas fileiras do Maracanã, e nos outros estádios onde o Flamengo jogar, por muitos e muito anos. Elas fazem a diferença! SRN
Renato Martins. Pai, cineasta, flamenguista. Diretor de Magro de Aço. Siga-o em renatomartins.cineasta (Instagram) e @RenatoM0877 (X) e @jacquelinefilmes (YouTube)
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