Chefe de scout do Flamengo detalha bastidores e perfil exigido para reforços

Atualizado: 19/12/2025, 15:04
Andrii Fedchenkov, chefe de scout do Flamengo, com as taças da Libertadores e Brasileirão

O trabalho de inteligência por trás das contratações do Flamengo muitas vezes acontece minuciosamente, mas é fundamental para o sucesso do clube. Em uma entrevista ao podcast "Chris Gill - Football Scouting", Andrii Fedchenkov, atual chefe de scout do Mais Querido, abriu as portas do departamento de análise e revelou o que o clube busca em um jogador para vestir o Manto Sagrado.

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Com passagens por Shakhtar Donetsk, PAOK e Cardiff City, o ucraniano destacou a singularidade do Flamengo no cenário mundial, a importância da mentalidade dos atletas e como a intensidade do futebol brasileiro tem surpreendido.

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Pressão da torcida do Flamengo

Para Fedchenkov, encontrar um jogador talentoso tecnicamente é apenas parte da equação. O grande desafio ao contratar para o Flamengo é identificar se o atleta possui a força mental necessária para suportar a pressão da maior torcida do mundo.

"O Flamengo é o maior clube da América do Sul. É uma loucura. Temos 65, 70 mil torcedores em cada jogo em casa. Quando jogamos fora, às vezes há mais torcedores do Flamengo do que do outro time", afirmou Andrii.

O scout explicou que o fator Maracanã é decisivo na avaliação final de um alvo.

"Às vezes temos situações onde o jogador entra em um estádio com 70 mil pessoas, erra alguns toques e você começa a sentir a pressão da própria torcida. O jogador tem que ser realmente forte mentalmente para jogar neste ambiente e superar as dificuldades", completou.

Intensidade do futebol brasileiro

Um ponto que chamou a atenção na fala de Fedchenkov foi a análise sobre a evolução física e tática do Brasileirão. Segundo ele, a ideia de que o futebol no Brasil é lento está ultrapassada.

Ele citou especificamente os confrontos contra o Cruzeiro nesta temporada como exemplos de partidas que atingiram um nível de elite mundial.

"A intensidade dos jogos no Brasil está ficando cada vez maior. Se você olhar para os dois jogos que fizemos contra o Cruzeiro, parecia realmente um jogo europeu de alto nível", analisou o chefe de scout.

Processo de contratação no Flamengo

Andrii detalhou como funciona a estrutura do departamento de scout do Flamengo hoje. Ele coordena quatro scouts de primeira equipe, todos reportando diretamente a ele, que por sua vez reporta a José Boto, diretor-executivo.

O ucraniano desmistificou o uso de dados, afirmando que eles são ferramentas de suporte, e não "juízes" finais.

 "Dados não ditam decisões, definitivamente não. Mas são uma ferramenta importante para tentar tomar melhores decisões, filtrar opções e ver 'red flags' (problemas) que não eram óbvios no vídeo", explicou.

Outro fator crucial mencionado foi a velocidade de decisão. No mercado atual, esperar demais por "todas as informações possíveis" pode custar a contratação.

"Às vezes você quer coletar mais e mais informações, mas quando você tem tudo, o jogador já foi embora. Em algum momento você tem que parar e dizer: 'Ok, vou correr esse risco'. Toda transferência é um risco", pontuou.

Adaptação ao Rio

Poliglota, Andrii revelou que já falava português antes mesmo de pisar no Rio de Janeiro, fruto de seu tempo no Shakhtar Donetsk, clube famoso por importar talentos brasileiros. Essa facilidade com o idioma foi fundamental para sua adaptação rápida ao clube e ao mercado sul-americano.

Ele vê o Flamengo hoje não apenas como um exportador, mas como um destino final para grandes carreiras, graças ao poderio financeiro e à estrutura que compete com clubes europeus. Confira a entrevista completa:


James Brito
Autor
26 anos, natural de Vitória da Conquista (BA), jornalista em formação pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb). Curioso por natureza, busca no esporte um campo infinito para observar, aprender e comunicar.