Análise tática - Flamengo 1x0 Fluminense: Pedro resolve em noite de pobreza ofensiva

Atualizado: 21/07/2025, 18:39
Pedro Guilherme (C) e companheiros do Flamengo comemoram após vencer a partida entre Flamengo e Fluminense no Brasileirão 2025, no Estádio do Maracanã, em 20 de julho de 2025, no Rio de Janeiro, Brasil.

Em um clássico tenso e de poucas inspirações, o Flamengo superou o Fluminense por 1 a 0, com um protagonista que parecia improvável semanas atrás. O gol de Pedro, nos minutos finais, não só garantiu três pontos vitais na luta pelo topo do Brasileirão, mas também parece ter dado sobrevida ao camisa 9 dentro do clube.

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A história recente de Pedro no Flamengo foi conturbada. Ventilado para venda por um membro do Departamento de Futebol e alvo de críticas públicas do próprio técnico Filipe Luís quanto à sua postura nos treinamentos, o centroavante ficou de fora de duas partidas.

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Sua reintegração ao grupo para o Fla-Flu já era uma notícia, mas o destino lhe reservou o papel principal. Com pouco mais de 20 minutos em campo, ele fez o que se espera de um finalizador de sua qualidade: decidiu.

A vitória mantém o Flamengo na segunda posição, na cola do Cruzeiro. O resultado positivo, no entanto, não esconde a necessidade urgente de ajustes, principalmente na efetividade ofensiva, para transformar o controle da posse de bola em um volume maior de gols.

O desafio de Filipe Luís é encontrar consistência e regularidade em meio a um calendário apertado que envolve três competições simultâneas e um elenco que lida com saídas e uma busca ainda lenta por reposições no mercado.

 A estrela de um jogador decisivo como Pedro pode ser um trunfo, mas a dependência de momentos individuais para resolver partidas coletivamente amarradas é um sinal de alerta.

Pobreza ofensiva marca o Fla-Flu

Os problemas para o Flamengo começaram antes mesmo do apito inicial. Com o lateral-direito Wesley em fase final de negociação com a Roma, Filipe Luís improvisou, deslocando Varela para a posição e utilizando o zagueiro Léo Pereira na esquerda, na ausência de Ayrton Lucas e Alex Sandro, e Viña ainda recuperando ritmo de jogo.

Para piorar, Gonzalo Plata, escalado como titular, sentiu um desconforto no aquecimento e foi substituído às pressas por Wallace Yan.

Em campo, o primeiro tempo exibiu um padrão já conhecido do torcedor; um Flamengo com ampla posse de bola (superior a 60%), mas com enorme dificuldade para furar o bloqueio defensivo do Fluminense e criar chances claras de gol.

O time de Renato Gaúcho, bem postado, neutralizava as tentativas rubro-negras, que se resumiam a lampejos individuais de Arrascaeta e Luiz Araújo. Wallace Yan, com mais ímpeto do que organização, não conseguiu ser efetivo. O reflexo dessa inoperância foi o Flamengo ir para o intervalo sem um único chute no gol.

Estrela de Pedro

A segunda etapa começou sem grandes alterações no panorama tático. Vendo a persistência do problema, Filipe Luís tentou mudar o cenário com as entradas de Matheus Gonçalves e Juninho nos lugares de Everton Cebolinha e Wallace Yan.

Aos 26 minutos, em um momento de grande expectativa da torcida, o treinador chamou Pedro. Ovacionado, o centroavante entrou na vaga do capitão Arrascaeta.

É justo ressaltar que, defensivamente, o Flamengo correu poucos riscos. Mesmo com o Fluminense tendo mais finalizações, o goleiro Rossi foi obrigado a fazer apenas uma defesa em todo o jogo. A ineficácia ofensiva foi um mal que acometeu as duas equipes no clássico.

Quando a partida se arrastava para um empate sem gols, que seria justo pelo baixo nível técnico apresentado, o futebol mostrou por que é apaixonante. Aos 39 minutos, em uma cobrança de escanteio de Luiz Araújo, o zagueiro Léo Ortiz desviou na primeira trave, e a bola encontrou quem o destino escolheu para ser o herói da noite.

Com um toque sutil, com a sola da chuteira, Pedro mandou para o fundo das redes, incendiando o Maracanã.

O gol foi o clímax de uma história de superação e um alívio para a torcida, que celebrou não apenas a vitória sobre o rival, mas o retorno de um ídolo ao seu papel de protagonista. Para Filipe Luís, fica a lição de que, em meio aos desafios táticos e de gestão, ter uma estrela capaz de decidir pode ser a diferença entre o sucesso e o fracasso na longa jornada pelo título brasileiro.


James Brito
Autor
26 anos, natural de Vitória da Conquista (BA), jornalista em formação pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb). Curioso por natureza, busca no esporte um campo infinito para observar, aprender e comunicar.