Análise Tática – Flamengo 0x0 Botafogo: pressão sem profundidade e o preço da maratona

Atualizado: 19/05/2025, 18:41
FLAMENGO X BOTAFOGO - CAMPEONATO BRASILEIRO - MARACANA - 18-05-2025

A maratona de jogos decisivos começou a cobrar caro do Flamengo, e o empate sem gols diante do Botafogo, no domingo (18), no Maracanã, escancarou as limitações físicas e criativas do time de Filipe Luís em um momento crucial da temporada.

Notas de Flamengo 0x0 Botafogo: placar zerado e criatividade também

Apesar do amplo domínio na posse de bola e da intensidade nos minutos iniciais, o Rubro-Negro não teve capacidade para transformar o volume em superioridade no placar. A ausência de peças-chave, aliada ao desgaste evidente, comprometeu o funcionamento ofensivo da equipe, que perdeu a chance de se manter colado no líder Palmeiras.

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O Flamengo começou a partida com uma postura dominante, impondo seu jogo desde o apito inicial. A estratégia de pressionar alto a saída de bola adversária funcionou nos primeiros 20 minutos, forçando erros do Botafogo e mantendo a posse (chegando a 70%).

No entanto, a superioridade territorial não se converteu em chances claras. A equipe se viu travada no último terço, pecando nas tomadas de decisão e na execução das jogadas.

Luiz Araújo, atuando aberto pela direita, assumiu o papel de criador, mas sofreu com a falta de movimentação dos companheiros. Bruno Henrique e Pedro foram mal nas associações, e Cebolinha, pela esquerda, teve atuação apagada.

Mesmo com controle total das ações, o Flamengo finalizou pouco e mal: seis das oito finalizações no primeiro tempo foram bloqueadas pela compacta defesa alvinegra.

Flamengo sofreu com ausências

A dupla Gerson e Arrascaeta fez falta; não apenas pelo talento, mas pela inteligência tática e capacidade de organizar o jogo. Sem eles, o Flamengo ficou previsível. De la Cruz, sobrecarregado na armação, assumiu demasiadas funções: marcar, conduzir e distribuir. O desgaste físico cobrou seu preço, e ele acabou substituído no segundo tempo após entorse no joelho esquerdo.

Evertton Araújo, que substituiu Gerson, foi eficiente na proteção defensiva, mas contribuiu pouco na construção. A ausência de Pulgar, ainda lesionado, privou o time de sua saída de bola qualificada, dificultando a fluidez ofensiva. A consequência foi um Flamengo que manteve a bola, mas sem criatividade para agredir.

A partir dos 20 minutos do primeiro tempo, o Flamengo perdeu intensidade. O Botafogo cresceu, ocupou melhor os espaços e chegou com perigo em três boas escapadas, explorando principalmente os lados e as costas de Wesley. A defesa rubro-negra, com Léo Pereira em noite segura, conseguiu conter os avanços, mas o sinal de alerta já estava aceso.

No segundo tempo, Filipe Luís tentou reorganizar o time com mudanças não muito comuns. Varela no meio, Juninho e Matheus Gonçalves no ataque. Mas a falta de entrosamento e a pressa da equipe atrapalharam o rendimento.

Juninho pouco participou, e Matheus tomou decisões precipitadas. A equipe ficou desorganizada, como admitiu o próprio técnico: “A partir do minuto 15 em diante, eu perdi a mão do jogo”.

Defesa merece destaque

Se há um setor que merece destaque, é a defesa. Mesmo com o desgaste coletivo e o avanço eventual do Botafogo, o sistema defensivo se mostrou sólido. Léo Ortiz e Léo Pereira foram seguros, e Rossi foi decisivo ao defender finalização perigosa de Marlon Freitas, sendo um dos principais personagens do Fla em campo.

O empate teve sabor amargo para o Flamengo. Não apenas pela perda de dois pontos em casa, mas pela demonstração de que o elenco sente o peso da maratona e dos desfalques. Faltou perna para manter a intensidade e cautela e inventividade para achar soluções diante de uma defesa fechada.

Com o confronto direto contra o Palmeiras se aproximando, a recuperação física e a volta de jogadores-chave serão determinantes. Antes, o duelo com o Botafogo-PB pela Copa do Brasil deve servir como respiro e oportunidade de poupar e ajustar.


James Brito
Autor
26 anos, natural de Vitória da Conquista (BA), jornalista em formação pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb). Curioso por natureza, busca no esporte um campo infinito para observar, aprender e comunicar.