Análise tática de Flamengo 1x2 Central Córdoba: domínio estéril e defesa exposta

Atualizado: 10/04/2025, 21:30
FLAMENGO X CENTRAL CÓRDOBA - LIBERTADORES - MARACANÃ - 09-04-2025

Na derrota por 2 a 1 para o Central Córdoba, pela fase de grupos da Libertadores, o Flamengo voltou a evidenciar problemas que comprometeram seu desempenho pela competição na temporada.

​➕Notas Flamengo 1x2 Central Córdoba: banho de água fria

O Flamengo apresentou um padrão tático que relembrou a equipe comandada por Tite: criação em volume, mas baixa conversão ofensiva, somada a erros defensivos pontuais e custosos. O duelo contra o Central Córdoba seguiu esse roteiro. Apesar do amplo domínio, a equipe de Filipe Luís tropeçou em velhos problemas.

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Filipe Luís escalou a equipe no 4-3-3, com Rossi; Varela, Léo Ortiz, Léo Pereira e Alex Sandro; Evertton Araújo, De la Cruz e Arrascaeta; Plata, Bruno Henrique e Juninho. A proposta era clara: posse elevada, domínio territorial e pressão constante.

Com 79% de posse de bola e ao menos cinco chances claras de gol só no primeiro tempo, o Flamengo parecia controlar a partida. No entanto, os erros começaram a aparecer quando a equipe, mesmo superior tecnicamente, não conseguiu marcar e acabou abrindo espaço para o imponderável.

Bola parada volta a ser problema

O Central Córdoba adotou uma estratégia reativa, com uma linha de quatro bem postada, compactação entre defesa e meio-campo e aposta em transições rápidas. A postura foi premiada quando, em uma jogada aparentemente sem grande perigo, Léo Pereira cometeu um pênalti infantil ao tocar com a mão na bola.

Hederia converteu. Em seguida, a defesa rubro-negra entrou em pane completa após uma bola parada — um dos maiores problemas do Flamengo em 2024 — e Florentin ampliou.

O segundo tempo começou com mudanças importantes. Filipe Luís lançou Wesley, Pulgar e Gerson para tentar reequilibrar o meio e dar mais força física e dinâmica à equipe.

O Flamengo cresceu no jogo, com mais presença ofensiva e chances de perigo. No entanto, o time ainda sofria com contra-ataques, reflexo de um sistema defensivo mal ajustado, especialmente nas transições e recomposição pelos lados.

O gol de falta de De la Cruz, aos 15 minutos, reacendeu as esperanças, mas o desgaste físico foi evidente. A intensidade inicial da etapa final caiu rapidamente, e o time não teve forças para buscar o empate.

A entrada de Pedro, que voltava após mais de sete meses lesionado, pouco acrescentou. O artilheiro sequer teve uma chance clara. A melhor oportunidade surgiu já nos acréscimos, com Bruno Henrique acertando a trave em uma cabeçada, o que simbolizou bem a noite de frustração: domínio, tentativa, e nada de resultado.

Tecnicamente, o Flamengo apresenta fragilidades em dois aspectos cruciais. O primeiro é a finalização. O time cria muito, mas não conclui bem — seja por escolhas erradas, nervosismo ou simplesmente falta de pontaria. O segundo é a bola parada defensiva, que volta a ser um ponto vulnerável , tanto em marcação em zona quanto individual.

Necessidade de um plano B?

Além disso, a equipe sofre com a falta de variação de jogo. Quando o plano A (posse, pressão e envolvimento no campo adversário) não funciona, o time não apresenta alternativas.

A entrada de Gerson e Pulgar melhorou o desempenho, mas a equipe parece sentir psicologicamente quando sai atrás no placar. A falta de frieza e de resposta rápida ao revés desestabiliza um grupo que, em teoria, deveria saber controlar esse tipo de situação.

Por fim, a derrota aumenta a pressão sobre a equipe e sobre Filipe Luís. Apesar da prioridade ser o Campeonato Brasileiro, tropeços como este, em casa, e contra adversários mais fracos tecnicamente, exigem atenção redobrada.

O torcedor, que vaiou ao fim do primeiro tempo e novamente após o apito final, mostra que não aceitará ver o time tratar a Libertadores com displicência. Se o Flamengo não corrigir os erros e não tirar lições com a derrota, o risco não é apenas comprometer a Libertadores, mas uma temporada inteira.


James Brito
Autor
26 anos, natural de Vitória da Conquista (BA), jornalista em formação pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb). Curioso por natureza, busca no esporte um campo infinito para observar, aprender e comunicar.