América, Ásia, Oceania e África já foram dominadas. Agora é a hora do exército vermelho e preto invadir a Europa


Muitas acusações podem ser feitas sobre o Mundial Interclubes que o Flamengo está disputando agora no Catar. Você pode dizer que é mais uma tentativa de legitimar uma monarquia absolutista, que a FIFA está novamente dando verniz de normalidade pra um governo que viola direitos humanos, que é absurdo realizar uma competição dessa pra públicos de 10 mil pessoas quando no Brasil todos esses jogos teriam de 50 mil pra cima.
Mas uma coisa que ninguém pode acusar o Mundial Interclubes é de ser um torneio decolonial.
Afinal, enquanto o Flamengo precisou primeiro superar o melhor time da América do Norte, para aí enfrentar o melhor da África, que já havia derrubado os melhores da Oceania e da Ásia, o PSG, atual campeão da Europa, estava muito de boa enfrentando o lanterna do Campeonato Francês, um torneio composto por um time de ponta e 17 combinados de amigos cuja função é aquecer esse time de ponta pra que ele não perca o ritmo entre os jogos da Champions League.
Mas se por um lado isso mostra a visão eurocêntrica que ainda existe no esporte mundial e como a FIFA quer mais é privilegiar os grandes europeus, por outro lado ela permitiu que o Flamengo vivesse uma experiência impressionante que é a de chegar a uma final de Mundial Interclubes sendo, na prática, o campeão de seis continentes, já que chegou com o título da América do Sul, pelo caminho ficaram Ásia, África, América do Norte e Oceania e até agora absolutamente ninguém da Antártida se manifestou, configurando o chamado W.O.
E foi isso que conquistamos neste sábado, com a vitória segura diante do Pyramids, do Egito, com dois gols feitos pelos nossos zagueiros. Uma vitória que não foi exuberante, mas demonstrou controle do jogo durante praticamente toda a partida, além de reforçar o papel que a nossa bola parada vem tendo na hora de descomplicar partidas em que o toque de bola acaba não encaixando tão bem.
Mais do que nossa segunda taça neste torneio - com a Challenger Cup se somando ao troféu do Derby das Américas já temos mais conquistas internacionais neste torneio do que alguns clubes têm na sua história - a vitória deste sábado nos dá, mais uma vez, a oportunidade de tornar real o sonho antigo, já explicado em prosa e cantado em música, de conquistar o mundo de novo.
Um sonho que não é um delírio, que não é uma loucura, que a cada dia fica mais real. Porque essa vaga na final do Mundial não é um presente e nem um favor, ela foi conquistada sendo o melhor do Brasil, o melhor da América, e derrubando o que havia de mais competitivo ao redor do mundo. No tabuleiro de War do futebol, o exército vermelho e preto está a apenas um continente de varrer o mapa, com direito a atacar por todos os lados, da Groenlândia pra Islândia, da Argélia pra Portugal, de Omsk pra Moscou.
E eles sabem disso. Se Luis Henrique falou que preferia não enfrentar o Flamengo é porque sabe que somos um time com qualidade pra brigar, um time que já derrubou o Chelsea e aprendeu as lições do jogo contra o Bayern. Um time que não viajou pro Catar pra passear e que sim, já levantou dois troféus, mas sabe que é esse terceiro, que vai estar disputa na quarta, o que mais importa.
Então que venha o PSG. Atual campeão da Champions League, uma das equipes mais fortes do mundo, com atletas das principais seleções do planeta. Porque o Flamengo sabe que pra trazer de novo o mundo pra sua torcida, ele vai ter que passar pelos maiores desafios que o futebol pode oferecer. E pelo caminho já ficaram dois. Agora só falta mais um. E aí o mundo vai ser todo nosso.














