1953: o milagre que uniu Flamengo e São Judas Tadeu para sempre

Atualizado: 28/10/2025, 14:36
São Judas Tadeu no vestiário do Flamengo acima; abaixo, Padre Góes com bandeira do flamengo em jornal antigo

Ser Flamengo é ter fé, acreditar até o final, quando ninguém mais acredita. Tudo isso está diretamente ligado, também, a São Judas Tadeu, o santo das causas impossíveis que se tornou padroeiro do Flamengo.

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A história do santo e do clube se interligam, com o Dia do Flamenguista sendo comemorado, propositalmente, na mesma data que o Dia de São Judas Tadeu.

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As festas acontecem no dia 28 de outubro, e nesta véspera, no último dia da novena prévia ao dia comemorativo, o MundoBola Flamengo relembra como tudo isso se conectou.

Flamengo e São Judas Tadeu: uma união de fé e perseverança

A história é de fé e superstição rubro-negra. Era 1953, quando o Flamengo se ajoelhou diante de São Judas Tadeu em um apelo coletivo que ninguém imaginava que mudaria a história do clube para sempre. O cenário era de pós-guerra, e em campo, a frustração com a seca de títulos cariocas.

O Rubro-Negro somava dez conquistas, e naquela época, o Estadual era muito valorizado. O sentimento era de desespero, já que o Flamengo não vencia desde 1944, ficando nove anos sem levantar a taça.

Por isso, Gilberto Cardoso, que era presidente do Flamengo, não negou o convite para ir até a capela de São Judas Tadeu.

Padre Góes, que era rubro-negro, fez uma missa especial na tentativa de auxiliar o Mengão a buscar o título. Os dirigentes flamenguistas se tornaram devotos de São Judas Tadeu.

Principalmente quando a profecia de Padre Góes mudou tudo. Ele foi até a Gávea visitar o elenco flamenguista, que tinha Zagallo e Evaristo de Macedo. Era um timaço que tinha dificuldades para conquistar em campo.

Até que Padre Góes proferiu as seguintes palavras, de acordo com o Jornal dos Sports, na época: “Não posso afirmar, como conhecedor do football, que o Flamengo será campeão. Mas sinto que vocês alcançarão o triunfo, se quiserem, e essa afirmação eu faço como sacerdote, como intercessor junto a São Judas Tadeu”.

O Mais Querido do Mundo, então, acaba se sagrando campeão carioca. Mas aquele era apenas o início da sequência: 53, 54 e 55. Nascia um tricampeonato do Flamengo na competição, que era muito valorizada.

A atuação de Padre Góes, antigo pároco do Santuário São Judas Tadeu

Padre Góes foi responsável por eternizar a relação entre o Flamengo e São Judas Tadeu. Em frase marcante, eternizada no site do Museu do Flamengo, o vigário da Paróquia São Judas Tadeu, em Cosme Velho, o padre falou sobre a energia daquele grupo e sobre a fé na conquista do Carioca.

“O Flamengo é uma força e é preciso aproveitar esse poderio que está em potencial. Quando entrei nesta casa senti, desde logo, que estava entre amigos. Percebo que vocês formam uma família muito grande e muito unida. E asseguro que o título está ao alcance de vocês todos, desde que a fé nunca os abandone", disse o padre.

Padre Góes, inclusive, passou a frequentar a maioria dos jogos do Flamengo, além de realizar missas com o Manto Sagrado.

A ligação só aumentou, e os jogadores também passaram a frequentar as missas. Em 1957, após as realizações do Flamengo sob as bênçãos de São Judas Tadeu, o santo teve sua imagem entronizada solenemente na Gávea por Padre Góes.

Tornou-se comum, até os dias mais recentes, ver a imagem de São Judas Tadeu nos vestiários do Flamengo, por exemplo.

O Santuário São Judas Tadeu, em Cosme Velho, era bem diferente no seu tempo, e ainda era pequeno. O sonho de Padre Góes, primeiro pároco da igreja, era que o Santuário tomasse forma e se tornasse muito grande um dia.

A matriz foi concluída entre o fim dos anos 60 e início dos 70, quando Monsenhor Bessa já substituía Padre Góes.

Bessa também era flamenguista, e seguiu reforçando a ligação entre Flamengo e São judas Tadeu, também realizando missas com o Manto Sagrado e confirmando sua igreja como a mais rubro-negra existente.

Não à toa, fiéis flamenguistas frequentam o local até hoje, e o Flamengo também realiza missas importantes no local.

A morte de Cláudio Coutinho, por exemplo, teve sua missa celebrada na matriz, assim como a do zagueiro Figueiredo, além dos dez jovens vitimados na Tragédia do Ninho do Urubu. Celebração de títulos e aniversários do clube também são comemoradas no local.

Acaba de chegar São Judas Tadeu

São Judas Tadeu segue suscitando citações em contextos em que o Flamengo precisa de milagres. Uma famosa frase foi proferida por Apolinho, por exemplo. Washington Rodrigues, saudoso radialista, narrou outro tricampeonato carioca do Flamengo: o de 2001, quando Petkovic marcou o gol do título, de falta, no minuto 43. 

Antes da cobrança espetacular do ídolo rubro-negro, Apolinho afirmou: 'E acaba de chegar São Judas Tadeu'. Eis que Pet faz história e o Mengão faz o Vasco ser vice de novo, com São Judas Tadeu, mais uma vez, ajudando o clube a realizar o impossível. 

O Dia de São Judas Tadeu se tornou Dia do Flamenguista em 2007. A criação foi do prefeito César Maia, declaradamente torcedor do Botafogo. Mas isso não o cega ao ponto de não perceber o tamanho da mística que a simbiose entre Flamengo e São Judas Tadeu carrega por trás de suas gloriosas histórias.

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Erick Viana
Autor
Jornalista formado pela UniCarioca e pós-graduado em Jornalismo Esportivo. Especializado na cobertura do Flamengo, une paixão pelo esporte e pela comunicação para levar informação com credibilidade e emoç...